A fala do corpo
Minha amiga
Opalanga, uma contadora de histórias, afro-americana, e
eu
costumamos contar em conjunto uma história chamada "A fala do corpo"
que trata da descoberta de bênçãos ancestrais dos nossos parentes. Opalanga é
muito alta, e esbelta. Já minha estrutura é mais próxima do chão, com um corpo
exuberante. Além de ser alvo de deboche por ser alta, Opalanga, quando criança,
ainda tinha de ouvir que seus dentes incisivos separados eram um sinal de ser
ela mentirosa. Já a mim diziam que o tamanho e o formato do meu corpo eram indícios
de um ser inferior desprovido de autocontrole.
Enquanto
estamos contando juntas nossas histórias sobre o corpo, Opalanga e
eu falamos
dos golpes e flechadas que recebemos durante a vida inteira porque, de acordo
com os Outros, com letra maiúscula, aos nossos corpos faltava algo ou sobrava algo.
Na nossa apresentação, cantamos um lamento pelos corpos que não nos foi permitido
usufruir. Dançamos, nos balançamos e olhamos uma para a outra. Nós duas
consideramos que a outra tem uma aparência misteriosa tão bela, que como pôde
alguém pensar o contrário?
Quando
conheci Opalanga, nós duas tivemos a impressão de que nos conhecíamos, como
costuma acontecer com as contadoras, não a vida inteira, mas há séculos. Entabulamos
conversa sobre nossas histórias mais íntimas. Como fiquei perplexa ao ouvir
que, já adulta, ela havia viajado até a Gâmbia, na África ocidental, e encontrado
alguns membros da sua linhagem que, pasmem!, tinham na sua tribo muitas pessoas
altas como ela, e esbeltas e com os incisivos separados. Explicaram-lhe que
essa separação, quer dizer "abertura de Deus"... e era interpretada
como um sinal de sabedoria.
Qual não foi
a sua surpresa quando eu lhe disse que eu também, já adulta,
havia
viajado até o Tehuantepec no México e
descoberto descendentes dos
meus
antepassados que, pasmem!, eram uma tribo de mulheres gigantes fortes, brincalhonas
e imponentes no tamanho. Elas me haviam dado tapinhas e pequenos puxões,
observando abertamente que não estava suficientemente gorda. Eu não comia o suficiente?
Elas explicaram que eu devia me
esforçar
pois as mulheres são, redondas como a própria Terra, pois a Terra
contém
muito. Portanto, na apresentação minha e de Opalanga, como nas nossas vidas, nossas
histórias pessoais, que começaram com experiências repressoras e deprimentes,
terminam com um sentido forte. Opalanga entende
que sua
altura é sua beleza, seu sorriso é de sabedoria e que a voz de Deus está
sempre perto
dos seus lábios. Eu entendo que meu corpo não é separado da terra, que meus pés
foram feitos para firmar minha posição, que meu corpo tem a forma de um recipiente
feito para conter muito. Nós duas aprendemos, com gente vigorosa fora da nossa
própria cultura norte-americana, a reavaliar o corpo, a refutar idéias e expressões
que ultrajassem o corpo misterioso, que ignorassem o corpo feminino enquanto
instrumento de conhecimento.
Como
entrar em harmonia com seu corpo ?
Como
você vê e sente seu corpo?
Você permite que o julgamento do outro interfira na sua alto
aceitação? Se sim,como mudar?
Como está o seu corpo: ele tem medo? Está paralisado pela
dor ou pelo receio? Está anestesiado por traumas
antigos?
O seu corpo tem a sua própria musica? Você está no ritmo com
essa dança?
A
Simbologia Mulher
A luz surge e com o tempo minha manhã se torna minha jornada
...do começo de cada dia da minha vida....
Quantos dias tive ao pensar em Fazer e Ser feliz comigo
mesma....
Fui até bem distante da minha vida em Sentir e
Ver a vida passar...
Meu corpo sentiu bem
esse tempo ?...
Toda luta que enfrentei
para estar na minha vida ...Está hoje desenhada no meu corpo...
Quantas noites observando essas mudanças na pele e alma...
E confesso as lágrimas rolam pela face...
No espelho, vejo dentro do meu olho essa alma ....essa
mulher ....
Tenho orgulho da mulher passado e mulher presente...
Aqui estou com elas sempre juntas vencendo o tempo e a
gravidade...
Existe coisa mais forte do que nós?...