Expectativas x realidade
Os filhos são compostos de partes
dos pais, mas também possuem características genéticas próprias.
Quando há uma criança com
dificuldade de aprendizagem na família, é difícil lidar com as expectativas. O
diagnostico demora para sair, o tempo não para, a escola que não espera, a
idade que avança e a defasagem aumentando perante a turma.
No artigo “Sobre o narcisismo:
Uma introdução” (1914), Freud explica a revivescência do narcisismo dos pais em
relação aos filhos. Estes atribuem a perfeição aos filhos e esperam que
satisfaçam todos os seus desejos não realizados. Esperam que o filho não passe
pela dificuldade que passaram, que tudo será mais fácil para os filhos. Deixam
de cuidar de suas próprias vidas e passam a cuidar apenas da vida do filho. E
essa seria a causa dos sentimentos de decepção tão comum que estas famílias têm
em relação a esta criança que não se desenvolve conforme a expectativa gerada.
Alguns exemplos de expectativas
irreais:
- Normalidade! Não se espera que
os filhos tenham problemas e dificuldades.
- Harmonia eterna no
relacionamento familiar. Sem considerar as fases e individualidades de cada um.
- Irmãos unidos, sem conflitos ou
rivalidade.
- Quando se ama, não se pode ter
raiva ou irritação. E esquecer que mostramos nossos sentimentos exatamente para
as pessoas que mais confiamos.
Criar não é tarefa fácil! Exige paciência,
perseverança, flexibilidade, aprender o tempo todo, lidar com o imprevisto e se
colocar no lugar do outro.
Meu conselho é o questionamento: São
expectativas reais? Estou enxergando a individualidade do meu filho? O que é
meu e o que é dele? Estou criando um ser pensante, criativo e autônomo?
É imprescindível o apoio
familiar, pedagógico e institucional para o desenvolvimento das crianças.