terça-feira, 18 de julho de 2017

Como funciona a memória?

Como funciona a memória?

A memória é uma função cognitiva que capacita o ser humano a armazenar e resgatar informações que chegam ao sistema nervoso através dos sentidos ou desenvolvidas pelo córtex em resposta aos estímulos recebidos.

É classificada em:
1)      Memória declarativa: guarda os fatos, acontecimentos e conceitos. Depende muito da atenção e do desejo. É subdividida em:
- Curto prazo: localizada no córtex cerebral. É o breve armazenamento dos estímulos e capacidade de manter informações de forma temporária. Ocorre perda da informação rapidamente a não ser que esteja acompanhada de emoção ou sentimento.
- Longo prazo: é o armazenamento relativamente permanente da informação na memória de curto prazo.
- Memória episódica: permite lembrar experiencias pessoais vividas num contexto próprio.
- Memória semântica: armazenamento de conhecimento do mundo ao nosso redor.

2) Memória de procedimento: é necessário a pratica para armazenar o conhecimento. Uma vez adquirida a habilidade, não é necessário a atenção adequada enquanto a atividade está sendo executada. Depende de uma grande interação com o emocional e com as atividades motoras automáticas.

Aprender é guardar na memória os diferentes detalhes que o estimulo apresentado nos oferece e depende do interesse que desperta, da capacidade de atenção, da existência de um córtex integro, da presença de um sistema de associação e integração, de conhecimentos pré-existentes, da adaptação emocional e das condições orgânicas.

Quando não há déficit intelectual e mesmo assim há dificuldade em memorizar, há cinco possibilidades:
1)      Carência cultural, o que necessita de muita leitura para resolver.
2)      Falta de interesse, devendo ser resolvido através de treino como ler em voz alta, escrever o que estuda, etc.
3)      Distúrbio emocional onde o tratamento é psicoterápico.
4)      Estresse, onde o estilo de vida deve ser reavaliado e alterado.
5)      Idade avançada, onde o tratamento é preventivo, com atividades que protejam os neurônios, como leitura e conhecer lugares e pessoas novas.


Não existe medicação para melhorar a memória. A relação entre memorizar e significar o que se precisa memorizar estão juntas. 

... E quando não é uma dificuldade de aprendizagem?

... E quando não é uma dificuldade de aprendizagem?

“É preciso ser para aprender. A aprendizagem significativa é fruto da permissão de ser, mais que isso, é fruto da sensação de ser. Estamos falando da maneira especifica e natural de ser de cada um de nós, que se transforma a medida que interagimos significativamente com o mundo e com os outros.” – FURTADO.

A dificuldade de aprendizagem é o sintoma de que as dinâmicas do entorno do aprendiz estão inadequadas. Independente do quadro ou diagnostico, se o aluno estiver vinculado com o ato de aprender, ele aprenderá.

A dificuldade aparece quando não há motivo pelo qual aprender.

Os indivíduos com dificuldades de aprendizagem necessitam de uma avaliação multidisciplinar. O diagnóstico dificilmente será obtido com a realização de exames e pouco provável que a resolução do processo seja conseguido com o uso de medicações.

Nós aprendemos através dos nossos sentidos, aprendemos com o corpo todo. A intuição, a percepção são instrumentos valiosos de leitura e compreensão do mundo. As nossas emoções são tão poderosas do quanto nossas inteligências. Além disso, a aprendizagem requer um tempo.

Muitas vezes a criança não tem dificuldade para aprender e sim os adultos que possuem dificuldade em achar o modo adequado para mediar a aprendizagem.

É necessário mediar a aprendizagem, valorizar os passos percorridos e reencaminhar quando necessário. É estar presente de forma a favorecer a iniciativa do aluno em buscar entendimento. Significar a aprendizagem é permitir que cada um faça esse trabalho, pois só o sujeito pode dar significado às coisas. 

A aprendizagem para acontecer necessita de uma pessoa pronta para aprender. É necessário arriscar-se na aventura da aprendizagem, saber insistir, pedir ajuda, errar, acertar, buscar entender e refletir sobre as próprias ações.

Para aprender a pessoa necessita de tempo, de espaço, de um ambiente educativo e afetivo emocional, além de materiais facilitadores como livros, jogos, mediação e liberdade para se expressar e de se manifestar.  Cada pessoa tem o seu tempo, acertando, errando, duvidando, arriscando e ponderando.
Muitas das dificuldades de aprendizagem tem sua principal origem no estado emocional do aprendiz. A emoção é manifestação do campo afetivo da pessoa e é decorrente da qualidade das relações que ela estabelece ao longo da vida. Todo o indivíduo que não tem um ambiente emocional equilibrado tem as suas aprendizagens prejudicadas.

Quanto mais as crianças tiverem uma educação que lhe dê ferramentas para enfrentar as dificuldades de modo geral, mais possibilidades de aprendizagem está criança desenvolverá.

Muitas vezes o problema não esta na criança e sim na maneira como a família introduziu a escola na vida dela, ou a maturidade desta para as responsabilidades inerentes do aprender, ou na qualidade dos professores ou métodos utilizados.

As crianças se formam conforme os modelos que receberam. Muitos pais querem que seus filhos leiam, mas eles próprios não se dispõe a ler.

Cada indivíduo é um mistério a ser desvendado e uma potência a ser descoberta. Não podemos nos apoiar em certezas, mas em probabilidades.

Ensinar e aprender é um caminho que precisa ser construído com responsabilidade e criatividade. Responsabilizar-se pelo trabalho continuo do estudo, do conhecimento, da boa vontade. Não existem atalhos quando se fala em formação e desenvolvimento.


 “O potencial de aprendizagem pode ser desenvolvido, e os bloqueios derrubados, nas condições certas. Aprender a aprender é uma possibilidade que está ao alcance de todos.” – CLAXTON

É TDAH?

É TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade)?

“Um dia uma mãe me telefona e me pergunta: Doutor, o senhor trabalha com Ritalina? Prontamente respondo: Não, minha senhora, trabalho com crianças!”  - Dr José Outeiral (psiquiatra)

O TDAH é um distúrbio de maturação de áreas encefálicas localizadas na formação reticular e no córtex pré-frontal. É de se esperar que a estimulação terapêutica seja o caminho mais viável para sua recuperação. Não existe medicação capaz de determinar maturidade em neurônios.

O diagnóstico não pode ser confirmado por exames clínicos, laboratoriais ou de neuroimagem. O diagnóstico só pode ser aceito após avaliação de uma equipe multidisciplinar.

Costumo dizer às famílias que não sou contra nenhum tipo de medicação, desde que seja receitada por profissionais competentes e sensíveis. Onde esta medicação realmente vai ajudar a melhorar o quadro, auxiliando o indivíduo a controlar o seu comportamento.

Atualmente estamos fabricando medicamentos potentes para manter as pessoas “iguais”. E com a quantidade e rapidez das informações nos deixamos seduzir pela “magica” de ter os problemas resolvidos por uma pílula. Quanto mais nos tornamos dependentes de medicamentos, menos desenvolvemos nossa capacidade de resolver problemas e aprender. Não se admite mais aguardar que terapias venham a demonstrar os efeitos benéficos que produzem nas crianças hiperativas. Terapias consideradas demoradas e caras.

Devemos lembrar também que nem sempre a criança hiperativa é portadora de TDAH. Os sintomas típicos do transtorno podem ser encontrados em crianças sem qualquer distúrbio neurológico, por exemplo, criança sem limite, falta de compreensão do assunto tratado, falta de interesse, espectro autista, quadros psicóticos, dislexia, entre muitos outros. A agitação, a insegurança, a desatenção, a impulsividade, a pressa e o medo estão no nosso cotidiano, dentro ou fora do ambiente escolar.


As famílias não tem tempo para dedicar-se aos seus filhos, os professores não tem tempo para conduzir seus trabalhos da forma que idealizam ou gostariam e as crianças ficam sem tempo para aprender. E então as crianças ficam distraídas e/ou agitadas para receber atenção e são super estimuladas por jogos, equipamentos de tv....concluindo temos crianças mal educadas e sem compreensão necessária do mundo e adultos estressados, sem o tempo necessário para viver e conviver de forma prazerosa e educativa.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

"Se ele tivesse interesse, ele aprendia"


Essa é uma frase que mais costumo ouvir dos pais e às vezes até da escola. E está correta. Realmente o interesse é o que nos estimula a aprender.

Mas muitas vezes, o que tem valor para a sociedade, como matemática, português, física, química, etc....não é o mesmo valor que tem para o indivíduo.

Nosso sistema de ensino é obsoleto, gastamos muito tempo, muita vida obrigando nossos alunos a passarem por conteúdos que não lhe despertam interesse e que nunca mais irão utilizar.

É importante a base de todas essas disciplinas, mas o aprofundamento obrigatório que se faz por conta do nosso sistema de vestibular/ENEM, ocupa um tempo precioso, que deveria estar sendo dedicado a desenvolver o talento daquele indivíduo.


Eu sei que nosso sistema de ensino ainda está muito longe do ideal. Mas constantemente me questiono a importância de decorarmos formulas ou datas apenas para passar em uma prova. Enquanto deveríamos gastar toda essa energia para descobrir a nossa missão de vida e a melhor pessoa que poderíamos ser. Esse é o verdadeiro sentido da educação.