CULPA: Ato ou omissão repreensível ou criminosa; falta voluntária, delito.
DESCULPA: Razão ou motivo para atenuar ou eximir da culpa; justificativa.
Sentir-se culpado é como ter uma pedra no sapato incomodando o tempo todo. Não dá para não sentir. Às vezes, esse incomodo é consciente, ou seja, sabemos perfeitamente o ato que cometemos para sentirmos culpa e em muitas outras vezes não sabemos conscientemente porque nos sentimos assim, apenas carregamos o fardo. Passamos então, a nos sabotar, a nos punir, a achar que não merecemos as coisas boas que a vida nos proporciona e quando esta ruim não fazemos nada para mudar pois acreditamos que merecemos aquilo.
Quando temos um desejo que não é atendido, pode gerar uma frustração. Essa frustração gera um sentimento de raiva do objeto que impediu a realização desse desejo (mesmo que o objeto seja eu). A raiva incontrolável leva a destruição do objeto e após analise do fato, surge a culpa.
Vários fatores contribuem para o sentimento de culpa inconsciente. Um deles é a religião, que não cumpriu a sua promessa de aliviar a culpa – a culpa criada por ela. No ponto de vista cristã, o individuo carrega desde o nascimento a mancha do pecado original.
Os contos de fadas embora importantes para o desenvolvimento psíquico da criança, são carregados de culpa. A Chapeuzinho Vermelho que contrariou a vontade da mãe e por sua CULPA o lobo mau foi até a casa da vovozinha. A Branca de Neve que se sentia CULPADA em ter uma beleza que despertava a ira de sua madrasta. A Cinderela que tinha CULPA em quase perder o horário para voltar para casa e na correria perdeu o sapato encantado, e vários outros contos.
O complexo de Édipo, um dos pilares da psicanálise, foi inspirado na tragédia de Sófocles que conta a historia de Édipo, jovem que matou o pai e casou com a mãe. Tragédia que todos nós vivemos psiquicamente e que quando não devidamente superada, gera culpa inconsciente.
Para Freud, a natureza humana é inerentemente bissexual e o desejo pelo ser do mesmo sexo, seria a causa primaria da culpa.
Os bebes de inicio não conseguem ter uma percepção total do universo e começam a se relacionar com as partes. A primeira delas é o seio que o alimenta. Quando a mamada é insatisfatória (atrasa, não acontece, não supre sua fome, etc) ele fica frustrado e sente seu instinto de sobrevivência ameaçado, o que às vezes pode gerar uma raiva incontrolável e usa a boca como arma de ataque para destruir o seio. Esta estratégia proporciona alivio até que o bebê perceba gradativamente que o seio faz parte de uma pessoa, a qual ama por lhe nutrir. Com isso se sente culpado por ter feito mal ou sentido raiva da pessoa que ama. Para alguns bebês, logo é perceptível que o carinho da mãe não diminuiu e que os dois podem ter um relacionamento saudável. Para outros o sentimento de culpa continuará o perseguindo durante a vida.
Como podemos perceber há inúmeras causas possíveis para nos sentirmos culpados. Nem sempre é possível analisar profundamente e descobrir o desejo causador da culpa. Mas o que sempre podemos fazer é nos aceitarmos, nos dedicarmos mais carinho e compreensão, e aprender a nos perdoar.
"Há um remédio para as culpas, reconhecê-las."
Franz Grillparzer
Yona
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