quarta-feira, 18 de outubro de 2017

SPA

Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA)

Augusto Cury definiu essa síndrome, que de forma muito simplificada, seria o vício em pensar. Pensar é benéfico e importante, mas é prejudicial pensar demais, com excesso de informações e preocupações. Estima-se que a SPA atingi cerca de 80% da população

Nossos pensamentos são construídos a partir das informações arquivadas na nossa memória e pelo autofluxo. A memória é um produto de carga genética, do ambiente e das nossas experiencias. O gatilho da memória é acionado quando entramos e contato com estímulos extrapsíquicos, intrapsíquicos ou orgânicos. Esses estímulos são checados em bilhões de dados com uma rapidez surpreendente e abrem-se janelas de memória, que são áreas de leitura da memória em um determinado momento. Essas janelas podem ser neutras, traumáticas ou prazerosas, dependendo do conteúdo emocional envolvido.
O autofluxo é um fenômeno do inconsciente, que produz pensamentos sem a autorização do consciente.

Causas da SPA:
- Excesso de: informação, atividades, trabalho intelectual, preocupação, cobrança, uso de celulares, uso de computadores, etc

Sintomas da SPA:
- Ansiedade
- Mente inquieta ou agitada
- Insatisfação
- Cansaço exagerado
- Sofrimento por antecipação
- Irritabilidade
- Impaciência
- Tédio
- Dificuldade em lidas com pessoas lentas
- Dificuldade em lidar com frustrações
- Dor de cabeça
- Dor muscular
- Dificuldade de concentração
- Déficit de memoria
- Transtorno do sono

Níveis da SPA:
- 1º nível : viver distraído (a pessoa parece não estar ouvindo, move repetidamente os dedos, mãos ou pernas)
- 2º nível: não desfrutar a trajetória (a pessoa não desfruta do processo, tem o foco no ponto final)
- 3º nível: cultivar o tedio ( a pessoa fica inquieta, tem dificuldade imensa em lidar com a rotina e costuma achar os outros superficiais)
- 4º nível: não suportar os lentos ( o sujeito fica irritado ao conviver com pessoas vagarosas, perde a paciência com as pessoas que não seguem o seu ritmo)
- 5º nível: preparar as férias 10 meses antes (fica impaciente no transito, planeja exaustivamente as férias, mas quando esta acontece, não relaxa e não aproveita)
- 6º nível: ansiar pela aposentadoria (qualquer coisa a irrita, esta viciado em batalhas)

Consequências da SPA:
- Insatisfação crônica, reclamação frequente, irritabilidade, impaciência, déficit de motivação, dificuldade para sentir prazer, não reconhecer as próprias qualidades e dificuldade para elogiar.
- Imaturidade, desanimação, comportamento autoritário, não reconhecer os erros e não pedir desculpas.
- Fragilidade emocional, dificuldade em lidar com a crítica, hipersensibilidade, preocupação exagerada com a imagem social.
- Doenças psicossomáticas: hipertensão, taquicardia, queda de cabelo, etc
- Criatividade comprometida, pois pensar excessivamente bloqueia a imaginação.
- Desempenho intelectual global comprometido, pois afeta o processo de observação, assimilação, resgate e organização de dados.
- Dificuldade em manter relações sociais devido a impulsividade, baixo nível de paciência, debater ideias e desenvolver empatia.

 SPA x TDAH
Infelizmente, é bastante comum profissionais da área da saúde confundirem SPA com TDAH. E a cultura do diagnóstico a todo custo, gera interpretações erradas. O diagnóstico certeiro orienta condutas do tratamento, mas quando é equivocada rotula e aprisiona o paciente.
No TDAH existe o fator genético e os sintomas se manifestam na infância. Pode ser indicado tratamento medicamentoso.
No SPA a agitação é construída aos longos dos anos e é causado pelo excesso de estimulação. Não existe alteração metabólica e a falha é funcional e social. O indivíduo tem dificuldade em pensar nas consequências e gerenciar pensamentos.

Tratamento do SPA:
O tratamento para o SPA demanda atribuir atividades lentas e lúdicas, ouvir músicas tranquilas, tocar instrumentos, pintar, praticar esportes, fazer teatro. Não deve ser ingerido ritalina ou outras drogas
É necessário desenvolver a autonomia, ser livre para pensar, libertar o imaginário. Aprender a gerenciar o sofrimento por antecedência e pensar no futuro apenas para a criação de metas.  

Mais informações no livro "Ansiedade-como enfrentar o mal do século" de Augusto Cury

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Diferença entre psicopedagogia e franquias de método próprio.


É comum ser confundido pelas famílias o trabalho psicopedagógico com o de instituições de método próprio, realizado por franquias conhecidas.  A diferença é total e um trabalho não exclui o outro. Em alguns casos a conciliação de ambos os trabalhos funciona e é indicada. Vou tentar esclarecer...

A psicopedagogia é uma área de trabalho de estudo de aprendizagem, normal e patológica. É indicado para todos. A metodologia da intervenção psicopedagógica acontece principalmente através de materiais lúdicos, como jogos por exemplo, pois estimulam a criatividade, habilidades logicas, estratégias, leitura, compreensão e interpretação. Com atividades que auxiliem o indivíduo a desenvolver competências que ampliem a confiança em sua capacidade de aprender, respeitando cada modalidade de aprendizagem própria. Compreendendo o modo particular do aluno aprender e traçando estratégias para construir e reconstruir conhecimentos.

As franquias com sua metodologia própria, em sua maioria usam o método de repetição, com o foco na autonomia dos estudos. Onde um único método é aplicado a todos.


Em um local o objetivo é aprender com o erro e no outro é não errar. Não é a mesma coisa! Então fica a critério da família escolher o que considera como objetivo mais importante para o desenvolvimento da criança e determinar qual das duas metodologias faz mais sentido para o que busca e para o que o aluno necessita. 

terça-feira, 18 de julho de 2017

Como funciona a memória?

Como funciona a memória?

A memória é uma função cognitiva que capacita o ser humano a armazenar e resgatar informações que chegam ao sistema nervoso através dos sentidos ou desenvolvidas pelo córtex em resposta aos estímulos recebidos.

É classificada em:
1)      Memória declarativa: guarda os fatos, acontecimentos e conceitos. Depende muito da atenção e do desejo. É subdividida em:
- Curto prazo: localizada no córtex cerebral. É o breve armazenamento dos estímulos e capacidade de manter informações de forma temporária. Ocorre perda da informação rapidamente a não ser que esteja acompanhada de emoção ou sentimento.
- Longo prazo: é o armazenamento relativamente permanente da informação na memória de curto prazo.
- Memória episódica: permite lembrar experiencias pessoais vividas num contexto próprio.
- Memória semântica: armazenamento de conhecimento do mundo ao nosso redor.

2) Memória de procedimento: é necessário a pratica para armazenar o conhecimento. Uma vez adquirida a habilidade, não é necessário a atenção adequada enquanto a atividade está sendo executada. Depende de uma grande interação com o emocional e com as atividades motoras automáticas.

Aprender é guardar na memória os diferentes detalhes que o estimulo apresentado nos oferece e depende do interesse que desperta, da capacidade de atenção, da existência de um córtex integro, da presença de um sistema de associação e integração, de conhecimentos pré-existentes, da adaptação emocional e das condições orgânicas.

Quando não há déficit intelectual e mesmo assim há dificuldade em memorizar, há cinco possibilidades:
1)      Carência cultural, o que necessita de muita leitura para resolver.
2)      Falta de interesse, devendo ser resolvido através de treino como ler em voz alta, escrever o que estuda, etc.
3)      Distúrbio emocional onde o tratamento é psicoterápico.
4)      Estresse, onde o estilo de vida deve ser reavaliado e alterado.
5)      Idade avançada, onde o tratamento é preventivo, com atividades que protejam os neurônios, como leitura e conhecer lugares e pessoas novas.


Não existe medicação para melhorar a memória. A relação entre memorizar e significar o que se precisa memorizar estão juntas. 

... E quando não é uma dificuldade de aprendizagem?

... E quando não é uma dificuldade de aprendizagem?

“É preciso ser para aprender. A aprendizagem significativa é fruto da permissão de ser, mais que isso, é fruto da sensação de ser. Estamos falando da maneira especifica e natural de ser de cada um de nós, que se transforma a medida que interagimos significativamente com o mundo e com os outros.” – FURTADO.

A dificuldade de aprendizagem é o sintoma de que as dinâmicas do entorno do aprendiz estão inadequadas. Independente do quadro ou diagnostico, se o aluno estiver vinculado com o ato de aprender, ele aprenderá.

A dificuldade aparece quando não há motivo pelo qual aprender.

Os indivíduos com dificuldades de aprendizagem necessitam de uma avaliação multidisciplinar. O diagnóstico dificilmente será obtido com a realização de exames e pouco provável que a resolução do processo seja conseguido com o uso de medicações.

Nós aprendemos através dos nossos sentidos, aprendemos com o corpo todo. A intuição, a percepção são instrumentos valiosos de leitura e compreensão do mundo. As nossas emoções são tão poderosas do quanto nossas inteligências. Além disso, a aprendizagem requer um tempo.

Muitas vezes a criança não tem dificuldade para aprender e sim os adultos que possuem dificuldade em achar o modo adequado para mediar a aprendizagem.

É necessário mediar a aprendizagem, valorizar os passos percorridos e reencaminhar quando necessário. É estar presente de forma a favorecer a iniciativa do aluno em buscar entendimento. Significar a aprendizagem é permitir que cada um faça esse trabalho, pois só o sujeito pode dar significado às coisas. 

A aprendizagem para acontecer necessita de uma pessoa pronta para aprender. É necessário arriscar-se na aventura da aprendizagem, saber insistir, pedir ajuda, errar, acertar, buscar entender e refletir sobre as próprias ações.

Para aprender a pessoa necessita de tempo, de espaço, de um ambiente educativo e afetivo emocional, além de materiais facilitadores como livros, jogos, mediação e liberdade para se expressar e de se manifestar.  Cada pessoa tem o seu tempo, acertando, errando, duvidando, arriscando e ponderando.
Muitas das dificuldades de aprendizagem tem sua principal origem no estado emocional do aprendiz. A emoção é manifestação do campo afetivo da pessoa e é decorrente da qualidade das relações que ela estabelece ao longo da vida. Todo o indivíduo que não tem um ambiente emocional equilibrado tem as suas aprendizagens prejudicadas.

Quanto mais as crianças tiverem uma educação que lhe dê ferramentas para enfrentar as dificuldades de modo geral, mais possibilidades de aprendizagem está criança desenvolverá.

Muitas vezes o problema não esta na criança e sim na maneira como a família introduziu a escola na vida dela, ou a maturidade desta para as responsabilidades inerentes do aprender, ou na qualidade dos professores ou métodos utilizados.

As crianças se formam conforme os modelos que receberam. Muitos pais querem que seus filhos leiam, mas eles próprios não se dispõe a ler.

Cada indivíduo é um mistério a ser desvendado e uma potência a ser descoberta. Não podemos nos apoiar em certezas, mas em probabilidades.

Ensinar e aprender é um caminho que precisa ser construído com responsabilidade e criatividade. Responsabilizar-se pelo trabalho continuo do estudo, do conhecimento, da boa vontade. Não existem atalhos quando se fala em formação e desenvolvimento.


 “O potencial de aprendizagem pode ser desenvolvido, e os bloqueios derrubados, nas condições certas. Aprender a aprender é uma possibilidade que está ao alcance de todos.” – CLAXTON

É TDAH?

É TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade)?

“Um dia uma mãe me telefona e me pergunta: Doutor, o senhor trabalha com Ritalina? Prontamente respondo: Não, minha senhora, trabalho com crianças!”  - Dr José Outeiral (psiquiatra)

O TDAH é um distúrbio de maturação de áreas encefálicas localizadas na formação reticular e no córtex pré-frontal. É de se esperar que a estimulação terapêutica seja o caminho mais viável para sua recuperação. Não existe medicação capaz de determinar maturidade em neurônios.

O diagnóstico não pode ser confirmado por exames clínicos, laboratoriais ou de neuroimagem. O diagnóstico só pode ser aceito após avaliação de uma equipe multidisciplinar.

Costumo dizer às famílias que não sou contra nenhum tipo de medicação, desde que seja receitada por profissionais competentes e sensíveis. Onde esta medicação realmente vai ajudar a melhorar o quadro, auxiliando o indivíduo a controlar o seu comportamento.

Atualmente estamos fabricando medicamentos potentes para manter as pessoas “iguais”. E com a quantidade e rapidez das informações nos deixamos seduzir pela “magica” de ter os problemas resolvidos por uma pílula. Quanto mais nos tornamos dependentes de medicamentos, menos desenvolvemos nossa capacidade de resolver problemas e aprender. Não se admite mais aguardar que terapias venham a demonstrar os efeitos benéficos que produzem nas crianças hiperativas. Terapias consideradas demoradas e caras.

Devemos lembrar também que nem sempre a criança hiperativa é portadora de TDAH. Os sintomas típicos do transtorno podem ser encontrados em crianças sem qualquer distúrbio neurológico, por exemplo, criança sem limite, falta de compreensão do assunto tratado, falta de interesse, espectro autista, quadros psicóticos, dislexia, entre muitos outros. A agitação, a insegurança, a desatenção, a impulsividade, a pressa e o medo estão no nosso cotidiano, dentro ou fora do ambiente escolar.


As famílias não tem tempo para dedicar-se aos seus filhos, os professores não tem tempo para conduzir seus trabalhos da forma que idealizam ou gostariam e as crianças ficam sem tempo para aprender. E então as crianças ficam distraídas e/ou agitadas para receber atenção e são super estimuladas por jogos, equipamentos de tv....concluindo temos crianças mal educadas e sem compreensão necessária do mundo e adultos estressados, sem o tempo necessário para viver e conviver de forma prazerosa e educativa.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

"Se ele tivesse interesse, ele aprendia"


Essa é uma frase que mais costumo ouvir dos pais e às vezes até da escola. E está correta. Realmente o interesse é o que nos estimula a aprender.

Mas muitas vezes, o que tem valor para a sociedade, como matemática, português, física, química, etc....não é o mesmo valor que tem para o indivíduo.

Nosso sistema de ensino é obsoleto, gastamos muito tempo, muita vida obrigando nossos alunos a passarem por conteúdos que não lhe despertam interesse e que nunca mais irão utilizar.

É importante a base de todas essas disciplinas, mas o aprofundamento obrigatório que se faz por conta do nosso sistema de vestibular/ENEM, ocupa um tempo precioso, que deveria estar sendo dedicado a desenvolver o talento daquele indivíduo.


Eu sei que nosso sistema de ensino ainda está muito longe do ideal. Mas constantemente me questiono a importância de decorarmos formulas ou datas apenas para passar em uma prova. Enquanto deveríamos gastar toda essa energia para descobrir a nossa missão de vida e a melhor pessoa que poderíamos ser. Esse é o verdadeiro sentido da educação. 

domingo, 4 de junho de 2017

Amor e Aprendizagem

AMOR  e aprendizagem

Tenho me assustado com a quantidade de cobranças com as nossas crianças, principalmente em relação ao processo de aprendizagem. Aprender é AMAR a descobrir as coisas. Ensinar é AMAR a compartilhar o conhecimento. Mas muitas vezes percebo que é esquecido totalmente que a aprendizagem só ocorre quando há afeto envolvido.

Infelizmente percebo escolas que não respeitam o tempo do processo de aprendizagem e a individualidade do aluno. Que não acreditam que este seja capaz de se desenvolver no decorrer do ano letivo. Há escolas que solicitam “gentilmente” para a família retirar o aluno pelo o fato do mesmo não estar acompanhando o conteúdo. É responsabilidade da instituição se adaptar as necessidades do aluno e não o contrário! Acolher com AMOR este que esta sendo considerado “fora da curva” e incentiva-lo, apoia-lo e orienta-lo. Olhar esse sujeito como o todo que ele é. Sem rótulos. Mas infelizmente o mais comum é a exclusão.

A família por sua vez é essencial para que o processo de aprendizagem ocorra com AMOR, responsabilidade, organização e disciplina. É visível o sucesso da aprendizagem quando há importância e o envolvimento  familiar. Que seja permitido a esta crianças ter tempo para ser criança, que ela possa brincar, criar, exercitar a imaginação. A aprendizagem ocorre com a brincadeira também e não apenas em livros e cadernos.

E a equipe multidisciplinar (psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, etc) devem exercer o seu trabalho com AMOR acima de tudo. Parece que é esquecido qual foi a razão primária para escolher essa profissão: Ajudar, apoiar, AMAR! Recentemente diz um curso de reciclagem e em todas as aulas esse era o assunto central: atender com AMOR aquele ser que tanto depende de nós. Conceito básico e muitas vezes esquecido. Devemos aceita-lo do jeito que é, descobrir e desenvolver seu potencial e seus talentos, motivar para a aprendizagem, ensinar a enfrentar os desafios da vida. E que no meio de tantos papeis e protocolos essa criança seja vista com olhos de ver. Com sensibilidade e AMOR. Não apenas como um cliente.

Os nativos das Ilhas Salomão para derrubar as arvores não as arrancam, e sim eles se juntam ao redor delas e durante dias gritam e falam coisas ofensivas e negativas. Como consequência elas morrem. Sozinhas. Apenas secam e morrem. Como queremos que esse aluno se desenvolva se estamos constantemente dizendo que ele não é capaz? Que seu desempenho não atende os objetivos? e nos piores casos....de que ele nunca irá conseguir aprender. A motivação desse aluno é morta como a vida das arvores nas Ilhas Salomão, apenas com as palavras.  

Então aquele aluno que vem demonstrando dificuldade de aprendizagem, deve enfrentar essa situação cercado de AMOR. Que seja AMADO, acreditado, respeitado e incentivado. Essa é a receita para ajudar nossas crianças....

Menos rotulo e mais AMOR
Menos comparação e mais AMOR
Menos exclusão e mais AMOR

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Livro: Já tentei de tudo


Já tentei de tudo
Quando as folhas da sua samambaia secam e caem, você não supõe que a planta fez de propósito para lhe dar trabalho ou para que suspeitem de que você não é uma boa jardineira. Você interpreta a "atitude" da planta como uma mensagem: água de mais ou de menos, menos luz, mais adubo... Carência ou excesso, você tenta entender o que está acontecendo.
Uma criança é mais complexa do que uma planta, mas não mais complicada. As supostas pirraças manifestam necessidades, carência ou excesso. E se a atitude da criança não fosse uma provocação, e sim uma consequência, uma resposta, uma reação?
A criança não reage desse modo nem por acaso nem por vontade de incomodar, são na verdade respostas do cérebro da criança a situações complexas demais para elas.
Quando as necessidades de contato da criança não são suficientemente correspondidas, seus circuitos cerebrais ficam em carência. Crises de raiva, choros sem razão e comportamentos extremos são algumas das manifestações de perturbação do sistema nervoso.
Dedicar 10 minutos que sejam, por dia, de total disponibilidade ao seu filho, para lhe dar afeto e carinho, é a garantia de noites mais tranquilas!
O sistema nervoso da criança, sobrecarregado, desencadeia essa reação de descarga das tensões acumuladas. Você pede que ela se acalme, mas a crise é a sua maneira de se acalmar.
É paradoxal irritar-se ao mesmo tempo pedir a uma criança que se acalme. É mais eficaz contê-la com carinho e serenidade. Isso desencadeará a liberação de oxitocina, hormônio que a ajudará a se acalmar e a desenvolver as vias de comunicação neuronais que a auxiliarão a gerir as suas emoções durante toda a sua vida.
Ficar quieta numa fila de espera, em engarrafamentos, no restaurante, ou numa viagem de três horas de carro está acima das capacidades de uma criança entre 2 a 6 anos.
Uma criança que se mexe muito não precisa necessariamente "se acalmar", mas sim dirigir sua energia para outra coisa. É inútil e nocivo para o cérebro e para o equilíbrio psíquico da criança puni-la por que ela não fica sossegada. Dar-lhe um objetivo, uma ocupação, alimentará as necessidades do seu cérebro de modo mais eficaz.
A criança chora, tem uma crise ou um comportamento inapropriado?
Trata-se de:
Uma busca de estímulo: oriente suas atividades de maneira que ela encontre os estímulos de que necessita através de um comportamento apropriado.
Um comportamento de apelo: identifique a necessidade e a satisfaça, ou nomeie-a se não for possível satisfazê-la imediatamente.
Uma descarga de tensões: acolha o choro e os gritos, contenha os movimentos desorganizados, que podem levá-la a se machucar, acalme o estresse e restitua-lhe a calma interior.
Não é nada disso? Então pode ser:
Uma reação a uma atitude inapta por parte dos pais ou
Um comportamento natural da idade dela!
Até os 3 anos, as regras são apenas palavras sem ligação concreta com seus atos, pois ela ainda não pode conceitualizar, não pode guardar as palavras na memória, não tem a capacidade de inibir seus gestos, explorar novas competências é uma prioridade e seu cérebro não processa de forma correta a negação.

Quando a criança obedece a uma ordem, o lobo frontal do seu cérebro permanece inativo.
Quando você faz com que a criança reflita, quando lhe oferece uma escolha e lhe deixa um espaço de decisão pessoal, você lhe propõe que mobilize seu lobo frontal, aquele que permite pensar, decidir antecipar, prever – tornar-se responsável.
Como evitar dar ordens?
-         Consolidar associações
-         Criar rotinas, séries de ações.
-         Fazer perguntas, instigar a reflexão.
-         Colocar a criança em posição de decidir, mesmo que seja sobre algo pequeno.
-         Dar informações
-         Oferecer escolhas permite também que a criança se sinta responsável pela decisão e diga EU.

Criando rotinas você evitará muitos conflitos.
A criança muitas vezes só precisa que o seu desejo seja reconhecido. Nossos desejos definem os contornos do nosso sentimento de identidade.
Á noite, antes de dormir, você pode lhe propor:
-         Que fale sobre o que foi difícil durante o dia,
-         Que desenhe o seu dia e que coloque suas preocupações no papel

O desejo não expressa uma necessidade legítima, é sem dúvida útil saber recusar. Se a criança tivesse todos os seus desejos imediatamente satisfeitos, perderia a noção dos próprios limites entre si e o ambiente, na experiência da frustação.
Muitos pais não ousam recusar nada aos seus filhos, por medo de traumatizá-los, medo de fazê-los sofrer ou de perder seu amor, por terem eles próprios sofridos por conta de recusas e negativas dos pais. Na realidade, eles têm medo das crises de raiva.
A criança tem o direito de sentir raiva, é a emoção natural da frustação. Ela tem o direito de expressar essa raiva para os pais, que, em geral, são os causadores da sua frustação. E para que ela fique livre para sentir e expressar a sua raiva, e dessa forma aprender a aceitar a frustação, é necessário que seus pais não se sintam derrotados nesse processo. Quando os pais tem medo da raiva da criança, ela percebe e pode ou embotar a raiva ou se tornar violenta, se essa fúria se misturar a uma sensação de impotência.
A ativação repetida do alerta cerebral impulsionado pelo modo durante a infância pode provocar, mais tarde, distúrbios de ansiedade.
Os tapas ensinam que bater é uma forma de resolver os problemas. Batendo nos filhos, os pais acabam incentivando- os a agir da mesma forma.
A criança acumula em si o medo e a raiva, que podem aparecer mais tarde como sintomas de violência contra o outro – os amigos da escola e todas as pessoas sobre as quais ela terá alguma ascendência, principalmente seus filhos – ou contra ela própria, na forma de doenças psicossomáticas ou de fracassos repetidos. Mesmo já adulta, o medo poderá ressurgir a cada instante. Com pouca confiança em si mesma, a criança tentará se adaptar antes de se questionar, se submeterá obedientemente a qualquer autoridade ou, ao contrário, tornará o poder pela força sobre o outro, pois foi assim que aprendeu a fazer.
Tais atitudes introduzem uma confusão nas bases de referência da criança. Como entender que aquele que diz que a ama também bate em você? Na cabeça da criança, amor e humilhação se associam o que não é bom presságio para as futuras relações amorosas.
Desculpar tudo não educa. Apagar as consequências impede que a criança aprenda. A partir do momento em que a criança tiver idade para fazer sozinha, é importante permitir que ela mesma o faça, caso contrário poderá estar lhe ensinando que:
-         Ela não é capaz
-         Seus gestos não tem consequência e que, portanto, não é necessário ficar atenta a eles,
-         Os outros estão a seu serviço.
Se a criança já tem idade para entender que seu ato provocou o problema, a sanção muitas vezes já está lá, ela é a consequência natural ou lógica do comportamento dela. A sanção reparadora é educativa e uma alternativa às punições, pois ela responsabiliza a criança ao lhe permitir medir o alcance de seus atos e lhe ensinar a pegar uma via de retorno para dentro da relação.
Para ajudar nossos filhos a crescerem, é melhor nos concentramos nas soluções e não nos problemas.

Aproveitamos cada instante de cada etapa da vida de nossos filhos. Passa rápido demais. Existe apenas uma única e verdadeira urgência:
AMAR!

Retirado do livro: "Já tentei de tudo" de Isabelle Filliozat

sexta-feira, 17 de março de 2017

Expectativa na criação dos filhos

Expectativas x realidade  

Os filhos são compostos de partes dos pais, mas também possuem características genéticas próprias.
Quando há uma criança com dificuldade de aprendizagem na família, é difícil lidar com as expectativas. O diagnostico demora para sair, o tempo não para, a escola que não espera, a idade que avança e a defasagem aumentando perante a turma.

No artigo “Sobre o narcisismo: Uma introdução” (1914), Freud explica a revivescência do narcisismo dos pais em relação aos filhos. Estes atribuem a perfeição aos filhos e esperam que satisfaçam todos os seus desejos não realizados. Esperam que o filho não passe pela dificuldade que passaram, que tudo será mais fácil para os filhos. Deixam de cuidar de suas próprias vidas e passam a cuidar apenas da vida do filho. E essa seria a causa dos sentimentos de decepção tão comum que estas famílias têm em relação a esta criança que não se desenvolve conforme a expectativa gerada.

Alguns exemplos de expectativas irreais:
- Normalidade! Não se espera que os filhos tenham problemas e dificuldades.
- Harmonia eterna no relacionamento familiar. Sem considerar as fases e individualidades de cada um.
- Irmãos unidos, sem conflitos ou rivalidade.
- Quando se ama, não se pode ter raiva ou irritação. E esquecer que mostramos nossos sentimentos exatamente para as pessoas que mais confiamos.

Criar não é tarefa fácil! Exige paciência, perseverança, flexibilidade, aprender o tempo todo, lidar com o imprevisto e se colocar no lugar do outro.

 Meu conselho é o questionamento: São expectativas reais? Estou enxergando a individualidade do meu filho? O que é meu e o que é dele? Estou criando um ser pensante, criativo e autônomo?

É imprescindível o apoio familiar, pedagógico e institucional para o desenvolvimento das crianças. 

Superdotados

Superdotados

Inteligência é uma habilidade humana que envolve raciocínio, planejamento, solução de problemas, pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, aprendizagem rápida e pratica. É uma habilidade herdada, mas uma pequena parte da população apresenta uma inteligência diferente da maioria.
Estima-se que 2% da população tem um nível de inteligência muito alto, chamados assim de superdotados.

Características: os interesses são variados, possuem forte curiosidade, demonstram altas habilidades verbais, aprendem cedo e rápido, gostam muito de ler, tem grande capacidade para sintetizar informações, são observadores, pensam de forma inovadora e flexível. Possuem excelente memória, tem facilidade com os números e raciocínio logico dedutivo, são imaginativos e possuem senso de humor, tendem a ser individualistas e dominadores, tem habilidade de liderança, são autocríticos e são autoconfiantes. São sensíveis às expectativas alheias e possuem elevado senso de justiça. Podem se isolar por não ter colegas com as mesmas capacidades. São perfeccionistas podendo gerar ansiedade, depressão e auto sabotagem.  


Deve ter um nível de desafio proporcional ao desempenho, caso contrario pode gerar desinteresse e agitação. Aprender a compartilhar e escutar opiniões, liderar sem ser dominador. 

Resumo das principais questões de aprendizagem

Resumo das principais questões de aprendizagem

Dislexia
 Transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, onde não se encontra fluência na leitura e dificuldade de tradução de sons em letras e das letras em seus sons. Normalmente há um atraso para falar, dificuldade para pronunciar e aprender palavras novas, fazer rimas, troca de letras, entre outras.
É necessário adaptações escolares de abordagem multissensorial, utilização de método fônico, oferecer mais tempo para execução das atividades e valorizar as respostas orais do aluno.
No ambiente familiar deve-se estabelecer uma rotina de estudos, com planejamento e um local adequado. A leitura diária deve ser incentivada.

TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade)
Transtorno que tem como característica o baixo rendimento escolar, dificuldade para interagir com os colegas, problemas para respeitas as regras, dificuldade para ignorar estímulos, dificuldade para organizar e planejar, dificuldade de sustentar a atenção, dificuldade para lidar com o tempo, imediatismo, dificuldade de aprendizagem da leitura e matemática.
Deve receber ordens claras e diretas, usar recompensas para o bom comportamento, estabelecer regras e rotinas, permitir o movimento e pausas.

Discalculia
Transtorno de aprendizagem da matemática. Presente  em cerca de 5 em cada 100 pessoas. Dificuldade para aprender a contar, reconhecer números, corresponder dígitos às quantidades que representam, para organizar coisas de maneira logica, resolver operações simples e problemas, memorizar funções matemáticas, dificuldade para medir coisas, estimar custos, realizar cálculos mentais, estimar velocidade e julgar distancias.
Deve ter reforço repetido, usar papel quadriculado, ler os problemas matemáticos em voz alta, desenhar figuras que representem os problemas, utilizar materiais concretos. Pode ter mais tempo para realizar atividades que envolvam aritmética. Procurar valorizar o raciocínio matemático mais que a realização do calculo em sí. Fornecer materiais de referencia como tabuadas, fórmula e calculadora. Não avanças para problemas complexos enquanto não forem adquiridas habilidades básicas. A matemática é cumulativa e não é uma questão de talento e sim de esforço.